Discurso do Sr Domingo




     O sou Domingo, o primeiro dia da semana. Sou um dia distinto dos demais na mentalidade religiosa de diferentes matizes que me idolatram. Eu sou privilegiado, valorizado e disputado por pessoas de toda a parte.

     O sou Domingo, o primeiro dia da semana. Sou superior aos demais dias da semana no pensamento daqueles que desprezam o valor dos outros dias: As Senhoras Segunda, Terça, Quarta, Quinta e Sexta, e o Senhor Sábado. Que eles me perdoem por esta insensatez que me coloca em destaque quando pensam em vida espiritual.

    O sou Domingo, o primeiro dia da semana. Sou visto como um dia especial para “servir”. Não existe um dia tão admirável como eu na visão dos religiosos deste tempo. Fico até pensando o por quê? As Senhoras Segunda e Terça não têm igualmente 24 horas? Quarta, Quinta e Sexta não são também Senhoras especiais? O Senhor Sábado não seria distinto como eu? Apenas percebo que me estimam demasiadamente.

     O sou Domingo, o primeiro dia da semana. Sou disputado dentro da agenda de tantos, que se esquivam estranhamente do trabalho nos outros dias, apenas porque não estão dispostos a fazer o que fazem, a não ser através de mim. Sei que sou Domingo, mas creio ser irracional esta decisão que despreza os demais dias da semana. Afinal, só posso ser Domingo, semana após semana, pelo fato de que existe a Senhora Segunda e Senhor Sábado. Um me antecede e o outro dá continuidade à semana. Como Senhor Domingo, não posso deixar de admirá-los.

     O sou Domingo, o primeiro dia da semana. Sou objeto do desejo daqueles que apenas valorizam uma performance. Alguns são capazes de “guerrear” para exibirem seus talentos, o que poderiam fazer em qualquer dia da semana. Será que celebrar a Deus, servir ao próximo, cantar louvores, ler a Bíblia e orar só ganha legitimidade através de mim por que sou Domingo. Até me sinto usado pela religiosidade presente no comportamento tacanho de pessoas que pensam que estão fazendo o melhor para Deus.

     O sou Domingo, o primeiro dia da semana. Considero-me importante, mas não mais que os outros. Assim, convido você a desenvolver sua espiritualidade sete dias por semana, 24 horas por dia. Isso significa permanecer no evangelho de Cristo e fugir da religiosidade descabida que lhe escraviza.