Estudo 11
PRESENÇA E CONTRIBUIÇÃO EM 400 ANOS DE
HISTÓRIA
Um panorama dos batistas no mundo e no Brasil
Há
atualmente batistas em todos os continentes, organizados em milhares de igrejas
e centenas de associações e convenções.
A maior
convenção batista encontra-se no solo do Estados Unidos, local em que a
denominação mais cresceu em número e de onde, entre o final do século 19 e
meados do século 20, foi estendida com expressivo vigor para os demais países
por meio de suas dinâmicas agências missionárias.
De acordo
com dados divulgados no final da década de 90, quase na virada do século, o
número geral de batistas no mundo chegava a aproximadamente 40 milhões. Pode
até parecer um número expressivo, mas o crescimento dos batistas em termos
quantitativos continua sendo um enorme desafio quando comparado ao índice
populacional dos países em que se estabeleceram.
Sabemos
que no Brasil, ao longo de 135 anos, os batistas também têm deixado claros sinais
da sua presença e da obra que realizam. Igrejas, colégios, faculdades,
orfanatos, asilos, casas de recuperação, programas de rádio e TV, jornais e
publicações diversas compóem o universo batista brasileiro nas áreas da
evangelização, educação e assistência social.
Mas, ao
considerar o número de congregados em relação à população brasileira, somos
obrigados a concluir que o crescimento dos batistas no Brasil é bastante
insatisfatório. Há muito ainda a fazer e expandir.
TRÊS
EXEMPLOS DA CONTRIBUIÇÃO DOS BATISTAS
Por outro
lado, devemos destacar o legado das idéias e dos princípios defendidos pelos
batistas, aqui e no mundo, como contribuição para a fé cristã e o progresso da
civilização. Sem dúvida, os princípios que, entre outros, ajudaram a formar as
bases dos valores modernos foram.
A defesa
da competência e da dignidade do ser humano como criatura feita à imagem de
Deus, razão pela qual as pessoas — independentemente de raça, credo, sexo ou
condição social— são merecedoras de respeito e consideração, agindo com uma
consciência livre que as torna responsáveis por suas próprias decisões morais e
religiosas;
A
ardorosa pregação em favor da liberdade religiosa para todos — acentuando que
cada indivíduo possui o direito de escolher a religião a ser professada — e a
inegociável apologia da separação entre igreja e estado como a melhor maneira
de preservar essa liberdade a fim de que as ambições políticas não utilizem o
discurso religioso como veículo de manipulação e as comunidades de fé como
massa de manobra;
A
promoção da ordem democrática, a partir da eclesiologia congregacionalista —
na qual a congregação é autônoma e soberana para participar das decisões da
organização eclesiástica — e da resistência a qualquer regime político
autoritário que anule os direitos do cidadão em relação à livre escolha dos
seus parlamentares e governantes..
Tais
princípios defendidos e apregoados pelos batistas desde o século 17, apesar da
perseguição a que foram submetidos por permanecerem fiéis a idéias consideradas
revolucionárias naqueles tempos de igrejas oficiais e governos absolutistas,
formaram nosso conceito ocidental de modernidade.
OS
BATISTAS NO ALVORECER DA MODERNIDADE
Com o
movimento renascentista e a reforma religiosa, somados posteriormente à
revolução científica da época e às novas e ousadas investidas da filosofia, o
mundo inaugurou os chamados tempos modernos: 'A Reforma era uma nova afirmação
decisiva de individualismo rebelde — de consciência pessoa, de 'liberdade
cristã', de julgamento crítico provado contra a autoridade monolítica da
Igreja institucional — e, como tal, empurrou ainda mais o movimento do
Renascimento para fora da Igreja medieval e do temperamento medieval".
Do
protestantismo inglês vieram as igrejas livres, isto é, congregações
independentes que não se filiavam às igrejas nacionais ou territoriais. Eram
também chamadas de não-conformistas, pois "seus membros professavam uma
convicção divergente da igreja oficial e não queriam conformar-se à sua ordem
episcopal". Entre essas igrejas livres estavam os primeiros batistas.
Portanto,
da vibrante defesa que esses primeiros batistas fizeram da idéia de
congregações eclesiásticas autônomas e soberanas nasceu o princípio da
liberdade religiosa e o da separação entre igreja e estado — dois fundamentos essenciais
para a construção da sociedade moderna que, como visto acima, distanciava-se
cada vez mais da monolítica sociedade medieval.
Os
batistas ajudaram a fazer despontar no horizonte a alvorada do período moderno.
Para um grupo cristão que havia surgido há tão pouco tempo, aliás, foi uma
notável contribuição.
Muito se
tem dito a respeito da identidade batista. Congressos e simpósios aqui no
Brasil foram realizados na tentativa de redescobri-la e dar-lhe o devido valor,
propiciando aos batistas a oportunidade de saberem quem são e convocando-os à
responsabilidade de prosseguirem na defesa das suas bandeiras. A nossa
identidade, entretanto, só é redescoberta e valorizada quando conhecemos os
princípios que, nas lições a seguir, passamos a considerar.
Tais
princípios são, como se deu durante a travessia de Josué com os israelitas
através do rio Jordão, as nossas pedras memoriais. "No futuro",
recomenda o texto bíblico, "quando os filhos perguntarem aos pais que
signfficarn essas pedras, expliquem a eles" (Js 4. 20-22).
Carlos César Novaes, Ilacharel em Teoloaia.
prc,fess()r de Hlstória do Cristiallisnto e pastor da
Ig,teja Batista Barão da Taquara, Rio de Janeiro, RI