Lição 9... DEUS É GALARDOADOR

Texto bíblico 1 Coríntios 3; Hebreus 11; Apocalipse 7.21,22  -
Texto áureo Apocalipse 21.7


DIA A DIA COM A BÍBLIA
Segunda – 1 Coríntios 3.1-8
Sexta – Apocalipse 21.1-4
Terça – Hebreus 11.1-6
Sábado – Apocalipse 21.5-8
Quarta – Apocalipse 7.9-12
Domingo - Apocalipse 22.12
Quinta – Apocalipse 7.13-17


Gramaticalmente, galardão é recompensa de serviços valiosos, prêmio, honra e glória. Na Bíblia, o conceito de galardão não foge desta definição. O que se tem desde o Antigo Testamento é o desenvolvimento do conceito de galardão, como as demais doutrinas. Nosso foco será na pessoa do Deus galardoador. Desta forma, ao fazer menção de como as pessoas eram galardoadas, é necessário que se tenha em mente, para fins deste estudo, a visão bíblica do Deus que recompensa e não da recompensa recebida. A pessoa divina é o foco do estudo.

A FE NO DEUS GALARDOADOR (Hb 11.1-6)
Hebreus 11.6 diz que Deus é galardoador. Hebreus tem uma leitura do Antigo Testamento a partir do conhecimento de doutrinas que evoluíram, foram filtradas em Jesus e, com isto, se estabeleceram e se solidificaram. Atente para o resumo a seguir. Nos tempos do “antigamente” (Hb 1.1) havia, pelo menos, dois conceitos de galardão. Um mais primitivo, definia galardão como recompensa (boa ou má) que se cumpre no tempo de vida terrestre. Naquela época, o conceito de vida após a morte, por ser abstrato, não era de fácil entendimento em função da visão concreta da vida. O conceito que prevalecia é que tudo o que o homem semear vai ceifar nesta vida.
Uma existência após a morte era algo muito complexo para eles. Daí o conceito de longevidade. O ser humano feliz é aquele que morre “em boa velhice,velho e farto de dias” (Gn 25.7). Sobre Davi o cronista afirma:  “e morreu nu­ma boa velhice, cheio de dias, riquezas e glória” (lC r 29.28). Esta foi a sua recompensa.
Jó tem um dilema que quase o levou ao limiar da incredulidade: por que um homem que faz o bem é recompensado com um mal súbito? Seu conceito de recompensa era ligado à vida presente. A pessoa boa recebe o bem, e a pessoa má recebe o mal. Quando Deus resolveu este dilema, Jó foi de novo recompensado, e  “então morreu Jó velho e farto de dias” (42.17).
Duas palavras importantes. Primeiro o conceito de recompensa no “aqui e agora” evoluiu para o conceito de recompensa futura. Nisto os profetas foram importantes ao interpretar situações que não tinham respostas terreais. Em segundo lugar, Deus sempre foi o agente galardoador. Independentemente da visão presente ou futura da vida, Deus graciosamente honra os que têm fé.
Todos os exemplos dados em Hebreus 11 assinalam a graça galardoadora do Senhor. Abel, por ser justo, alcançou testemunho divino, o mesmo acontecendo com Enoque. Moisés resolveu deixar os tesouros do Egito, pois tinha em vista a recompensa (v. 26). Nestes e nos demais casos Deus é graciosamente reconhecido como galardoador.

A RECOM PENSA QUE VEM DE DEUS (IC o 3.1-8)
O versículo 8 de ICoríntios 3 diz: “Ora, o que planta e o que rega são um, mas cada um receberá o seu galardão segundo o seu trabalho”.  Precisamos ver o que culminou com esta afirmativa do apóstolo Paulo. Note que Paulo está falando sobre a imaturidade dos coríntios cristãos. Eles são chamados de carnais, ou seja, pessoas movidas pelos impulsos humanos. Eles, que deveriam ser espirituais pelo tempo de vida cristã, provavam sua carnalidade por meio das contendas, invejas e dissensões (v. 2), bem como pelo fato de se gloriarem em líderes humanos (v. 9,10). Paulo aproveita esta situação para fazer uma exortação. Afirma que o galardão está atrelado ao trabalho e não ao resultado. A recompensa que vem de Deus é concedida em função da motivação c não dos resultados. O que planta e o que rega são um, e cada um receberá 0 seu galardão devido ao trabalho desenvolvido. O Senhor não galardoará os seus filhos pela quantidade de trabalho apresentado, mas pela motivação com que desenvolveram a missão. Isto é afirmado em 1 Coríntios 3.10-15. Há pessoas que fazem a obra do Senhor relaxadamente. Outros a desenvolvem com um amor inspirador. Os primeiros edificam uma construção com madeira, feno e palha, ao passo que os outros edificam com ouro, prata e pedras preciosas. Todos .passaram pelo teste do fogo. Quem teve a motivação correta verá a sua obra intacta e receberá galardão. Entretanto, quem teve motivação errada verá sua obra destruída e só por um ato da graça de Deus é que seiá salvo. Em tudo isto vemos a perfeita justiça de Deus em galardoar. A junção de galardão e justiça é declarada em Apocalipse: “E, eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra”  (22.12). Portanto, o galardão em seu aspecto positivo é uma recompensa justa que é do Deus justo  (“meu galardão”), e que será distribuída por ele.

O GALARDÃO E A CULPA (Ap 21.1-8)
Dissemos, no parágrafo acima, que há um aspecto negativo do galardão. Ora, se entendemos galardão como recompensa e aceitamos a idéia que salário também é recompensa, não nos é difícil entender que o galardão do pecado é a morte. Esta é, segundo entendemos, a dimensão negativa do galardão ou, de outra forma, este é o galardão negativo.
Apocalipse 21.1-8 destaca os dois aspectos. O que tem as palavras fiéis e verdadeiras, o Alfa e o Ômega, aquele que dá gratuitamente a água viva, este Deus perfeitamente justo há de galardoar positivamente aqueles que creram nele e, mediante a correta motivação, realizaram a missão que lhes fora confiada. Com o mesmo senso de justiça, ele fará distinção entre esses cristãos e aqueles que com motivações carnais fizeram sua obra. Os que amaram o pecado também terão galardão. Quem são estes? Apocalipse 21.8 os chama de indecisos, incrédulos poluídos por crenças que ferem a santidade de Deus. Acrescenta-se a esta relação os homicidas, os que amam a feitiçaria e os que se desviam da verdade, amando a mentira em todas as suas dimensões. O galardão destes e de todos os que negam a fé é o lago que arde com fogo e enxofre, que é a morte eterna. Reafirmo que, aqueles que tiveram os pecados perdoados e a culpa cancelada, seu galardão é estar no céu eternamente com o Senhor.

A RECOM PENSA DOS SALVOS (Ap 7.9-17)
A última frase do parágrafo anterior é confirmada no texto de Apocalipse 7.9-17, que fala da visão dos mártires glorificados. A Bíblia não nos afirma como será o galardão e o que fará diferença entre os que têm mais ou menos galardão. O texto fala de vestes brancas e palmas nas mãos. Diz também de um retumbante louvor que leva todos os seres celestiais à adoração (v. 9-12). Veste branca é símbolo de purificação, ou melhor, de ausência de contaminação. Os glorificados optaram por levar uma vida santa, sem a qual ninguém verá o Senhor (Hb 12.14). Isto nos permite fazer uma inferência. Se Jesus, no tempo de vida na terra, foi tentado em tudo e não pecou, se a meta da vida cristã é a identificação com Cristo, creio que galardão não significa ter algum ganho na vida eterna com Deus. Creio que a recompensa dos salvos será a identificação com Jesus. Se Jesus é o padrão de santidade, e uma vez que santidade é o oposto de contaminação, aqueles que foram aprovados na “escola da santificação” receberão a recompensa por porfiarem pela identificação com o Senhor Jesus.

CONCLUSÃO
Deus é galardoador. Para nós, huma­nos, que vivemos sob a influência do pecado e diante do perigo da contamina­ção, o constante saber e sentir da presença do Senhor é fator de renúncia em função da identificação com ele.
Ao dizer a Abraão que seria grandís­simo o seu galardão, Deus fez com que mergulhasse na sua transcendência, ca­minhasse com ele e tivesse como meta a sua perfeição. Ter a presença do Se­nhor e poder se identificar com ele, pela comunhão profunda, foi o galardão de Abraão. Dar a garantia da sua presença, renovar suas promessas e enchê-lo de inspiração foi obra do Deus galardoador.