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Estudo 3
DISTINTIVOS DOS BATISTAS ONTEM E
HOJE
Princípios diversos que formam e solidifram a
identidade dos batistas
Em 1609,
há exatos 400 anos, foi organizada a primeira igreja que recebeu o nome de
"batista", precursora das igrejas batistas que logo se espalharam
pela Inglaterra, pela Europa e pelo mundo. Essa igreja pioneira foi fundada na
Holanda, na cidade de Arnsterdarn
O
surgimento dessa igreja resultou do desejo de uma igreja mais de acordo com o
Novo Testamento. A igreja crista havia se desviado muito do modelo apresentado
por Jesus e seus apóstolos. Muitos líderes religiosos desgostosos procuravam
voltar ao Cristianismo original.
Em 1517,
Marfim Lutero havia desafiado a hierarquia da igreja ao denunciar algumas
práticas que ele considerava erradas, como as penitencias e a venda de
indulgências A reação de Lutero desencadeou o movimento conhecido como Reforma
Luterana. Outros líderes religiosos se levantaram na mesma época, como Ulrico
Zwinglio e João Calvino. Um outro movimento reformador teve início nesse mesmo
tempo, liderado por Conrado Grebel e Felix Manz. Esse movimento, mais radical,
foi chamado de "anabatista" por exigir o batismo dos convertidos.
Como eles já tinham recebido o batismo quando crianças, conforme a prática
corrente, esse ato era considerado um "novo batismo", daí o apelido
que receberam. Esses movimentos se desenvolveram e se fortaleceram com a adesão
de outros líderes e com a aceitação pelo povo.
A reforma
estendeu-se também para a Inglaterra, onde surgiu a igreja anglicana. Dentro
dessa igreja havia um grupo, os Puritanos, que aceitava a doutrina da igreja
mas não tolerava as cerimônias pomposas e o relaxamento moral. Outro grupo
dentro da igreja anglicana foi chamado de "separatista", pois não
concordava com o anglicanismo autoritário e desejava a separação entre a igreja
e o estado e a liberdade de culto conforme a consciência de cada um
Foi nesse
grupo separatista que surgiu John Smyth. Os anglicanos começaram a perseguir os
puritanos e separatistas e muitos grupos emigraram para outros países. Smyth e
sua congregação foram para a Holanda. Através do estudo do Novo Testamento,
Smyth descobriu que o batismo de crianças não é bíblico, pois o batismo deve
ser o testemunho da fé em Cristo. Assim sendo, ele batizou a si mesmo e aos
outros irmãos, findando a primeira igreja batista da história.
O nome
"batina" não foi escolhido por Smyth mas foi dado pelos opositores.
Mesmo contra a vontade dos pioneiros, o nome se tornou conhecido e é utilizado
até hoje.
Depois
John Smyth mudou-se para uma igreja menonita. Thomas Helwys tornou-se o líder e
voltou para a Inglaterra, crendo que a figa para outro país não era uma atitude
digna diante da perseguição. Em 1612 foi organizada a Primeira Igreja Batista
de Londres, tendo Helwys como pastor. Ele escreveu uma carta ao Rei Tiago I,
requerendo a liberdade de consciência e de culto.
Depois
disso muitas outras igrejas "batistas" surgiram, se espalhando pela Europa,
indo para os Estados Unidos e para todos os países do mundo.
Os
princípios defendidos pelos batistas não foram criados por eles, mas se baseiam
nos ensinos do NT. Outros grupos anteriores os defenderam e pagaram caro por
sua ousadia de desafiar a religião dominante.
No
preâmbulo da Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira lemos:
"Através
dos tempos, os batistas se têm notabilizado pela defesa destes princípios:
1° — A
aceitação das Escrituras Sagradas como única regra de fé e conduta. 2°— O
conceito de igreja como sendo uma comunidade local democrática e
autônoma,
formada de pessoas regeneradas e biblicamente batizadas. 3° — A separação entre
Igreja e Estado.
4° —A
absoluta liberdade de consciência.
5° — A
responsabilidade individual diante de Deus.
6° — A
autenticidade e apostolicidade das igrejas."
Justo C.
Andersonl, historiador batista (I ANDERSON, Justo C. Historia de los
flautistas. Tomo I: sus Bases y Princípios. El Paso: Casa Bautista de
Publicaciones, 1978), relaciona sete princípios que identificam os Batistas:
PRINCÍPIO
CRISTOLÓGICO: O SENHORIO DE JESUS CRISTO
Esse
princípio é fundamental e centralizador de todos os demais. Só Jesus é Senhor e
Cabeça da Igreja.
PRINCÍPIO
BÍBLICO: A AUTORIDADE DO NOVO TESTAMENTO
Na
história cristã a política eclesiástica se baseia em três bases: a tradição, as
Escrituras e a conveniência. Para os batistas, apenas a Bíblia Sagrada é fonte
de autoridade, especialmente o Novo Testamento, que registra as palavras e
ensinos de Jesus, o Senhor. Do texto do Novo Testamento derivam os princípios
teológicos e eclesiásticos, que norteiam as práticas específicas em cada
geração.
PRINCÍPIO
ECLESIÁSTICO: UMA MEMBRESIA REGENERADA
Para ser
membro de uma igreja batista é preciso experimentar o novo nascimento, ser
regenerado pela fé em Jesus Cristo. Anderson afirma: "A igreja cristã é a
confraternidade de todos os crentes em Cristo, ou seja, uma comunidade
espiritual, cuja expressão concreta no mundo é uma igreja local, e cujo fim é o
extensão do reino de Deus." 2
Para ser
aceito como membro de uma igreja batista o candidato deve dar evidências de
conversão genuína e pessoal e submeter-se ao batismo bíblico. O batismo é o
símbolo do novo nascimento, que autoriza a participação na Ceia do Senhor,
símbolo do crescimento contínuo (santificação).
PRINCÍPIO
SOCIOLÓGICO: UMA ORDEM DEMOCRÁTICA
Numa
igreja batista todos os membros têm iguais direitos e deveres. Não há membros
mais importantes que outros. Todos podem participar das reuniões e das
decisões. O indivíduo é valorizado e respeitado Cada igreja é autônoma e
independente, sendo responsável por s; is decisões e prátici s. Essa autonomia
tem sido muitas vezes mal interpretada, tendo alguns líderes a idéia de que a
igreja pode fazer o que quiser. As igrejas são interdependentes com as demais
igrejas batistas, realizando uma obra conjunta nas áreas em que não podem atuar
sozinhas.
PRINCÍPIO
ESPIRITUAL A LIBERDADE RELIGIOSA
Os
batistas sempre foram defensores da liberdade religiosa plena, que é a
liberdade, dada por Deus, de crer (consciência), de adorar (culto) e de
propagar a fé sem coercão governamental ou interferência clerical. Esse
princípio, naturalmente, se aplica a todas as religiões e crenças e não somente
aos batistas.
PRINCÍPIO
POLÍTICO: SEPARAÇÃO ENTRE A IGREJA E O ESTADO
Como
decorrência da liberdade de consciência os batistas crêem que o Estado não pode
interferir na fé pessoal e no culto. O Estado não pode impor limitações ou
diretrizes que impeçam ou dificultem a prática religiosa, a não kat' ser, é
claro, quando isso prejudica ou fere outras pessoas.
A
soberania de Cristo na vida da pessoa não impede o exercício da cidadania e da
ação política e social, por isso que o crente é "cidadão de duas
pátrias". O crente deve pagar seus impostos, exercer o direito de voto,
participar de juris e de outras atividades sociais e políticas, dando exemplo
de solidariedade e compromisso, sem abrir mão de suas convicções religiosas.
PRINCÍPIO
EVANGELIZADOR: O EVANGELISMO PESSOAL E A EMPRESA MISSIONÁRIA
O Novo
Testamento incentiva os discípulos de Jesus a fazerem outros discípulos,
através de seu testemunho pessoal e do envio de missionários "até os
confins da terra".
CONCLUSÃO
Esses
princípios devem ser continuamente lembrados e praticados, para que possamos
permanecer fiéis aos ensinos do Novo Testamento.
Bruno Teodoro Seita, bacharel em Teologia e em
Administração, especialista em Aconselhamento Pastoral da Igreja Batista
Gaúcha, Porto Alegre, RS.