Mãos


Ter mãos para servir constantemente!
Para enxugar as lágrimas do triste;
ter mãos para compor, para escrever;
para cuidar de tudo quanto existe.
Ter mãos para dar água a quem tem sede;
aos animais, às plantas… Como é lindo
ter mãos para arrumar na sala quieta,
rosas vermelhas que se vão abrindo…
Ter mãos para estender um leito alvo
de alcova ou de hospital… Ter mãos afáveis
para pensar feridas, dar esmolas…
Ter mãos para belezas incontáveis!
Ter mãos leais, oh! sim, mãos generosas,
para espalhar doçuras vida afora,
mãos que não ferem, mãos que não condenam,
mãos de quem sente, quem perdoa e ora…
Ter mãos para servir! Que importa o modo?
Servir com alegria a Deus agrada;
agrada-O tanto o que dedilha a cítara,
como o que asfalta as extensões da estrada!
Agrada-O tanto o que semeia os campos,
como aquele que os prédios edifica;
como a mulher humilde, que contente
serve de sol a sol a casa rica…
Agrada-O tanto o cirurgião ilustre,
como o que varre as ruas da cidade;
agrada-O tanto a tecelã na fábrica,
como a mestra na escola; que em verdade,
a lei da vida é esta: servir sempre;
participar, realizar, construir!
Ninguém pode ignorar o privilégio,
a glória que é ter mãos para servir!
Ter mãos! Ter mãos para servir sorrindo,
servir num clima de felicidade!
Pois se té Deus serviu, criando o mundo;
servir é compreender a liberdade!
Um dia, às mãos cruzadas sobre o peito,
servir será vedado, meus irmãos;
sirvamos hoje, agora, em tempo certo,
e Deus há de abençoar as nossas mãos!

Poesia de Antonieta Borges Alves
Penha – SP
1976


Mãos