Lição 1... DEUS É ÚNICO E ETERNO

Texto bíblico Êxodo 15; Salmo 86; Texto áureo Provérbios 8 Salmo 86.12.


DIA A DIA COM A BÍBLIA
Segunda - Êxodo 15.1-6
Sexta - Salmo 86.11-17
Terça - Êxodo 15.7-11
Sábado - Provérbios 8.22-26
Quarta - Êxodo 15.12-19
Domingo - Provérbios 8.27-31
Quinta - Salmo 86.1-10



O tema “Deus vivo” é fundamental no Antigo Testamento. Outros temas como a “unicidade e eternidade de Deus” são também fundamentais e decorrentes.
Como o Antigo Testamento trabalha estes temas? Que implicações tiveram para Israel, bem como no tempo do Novo Testamento? Qual a importância deles para a igreja hoje?
Nosso objetivo é que, ao final deste estudo, estas e outras perguntas possam ser respondidas, e que o interesse pela realidade divina seja bem ampliado na vida do leitor.

O DEUS VIVO E ETERNO
Os escritores do Antigo Testamento nunca tentaram provar a existência de Deus. O pressuposto deles é o de que Deus existe! Deus é vivo, existe e se revela. Estes são princípios inquestionáveis para todos os autores do Antigo Testamento. Naquela época não se perdia tempo filosofando sobre a existência de Deus. Eles tão somente criam.
Deve-se considerar que, quando se fala em “crer”, não se evoca a ideia de uma fé cega. Para eles o relacionar-se com Deus não era “dar um salto no escuro”, mas “enxergar no escuro”. Este último aspecto era central para a fé anticotestamentária. Somente o louco duvidava da existência de Deus. E o que diz o Salmo 14.1a: “Diz o néscio no seu coração: Não há Deus.”
O texto áureo do Antigo Testamento sobre a existência e vida de Deus está em Êxodo 3.14, quando Deus, ao ser inquirido por Moisés sobre o seu nome, responde: “EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós”.  “SER,” significa “existir e estar” . Declarando-se assim, Deus disse EU SOU O QUE SOU significando “Eu existo porque existo”, isto é, nada me faz existir; sou auto-existente e ao mesmo tempo sou à força de propulsão de tudo o que existe. Mais ainda, nesta tremenda revelação está atrelada a ideia de vida presente. O verbo SER significa ESTAR, como citado anteriormente. Ora, “estar” significa uma presença viva, ativa e eficaz. Isto é o que Deus prometera a Israel. O Deus vivo e eterno estaria presente no meio do seu povo todos os dias.
Isto é o que Jesus também nos prometeu ao dizer que estaria conosco todos os dias, até a consumação dos séculos.
Quão grandes eram e são as promessas atreladas à revelação de Deus como vivo e eterno.
Dos textos básicos para este estudo, destacam os alguns versículos que apontam para a síntese acima exposta. Êxodo 15.18 afirma que “o Senhor reinará eterna e perpetuamente”.  No Salmo 86.12 Davi declara seu reconhecimento pelo nome e poder revelados: “Louvar-te-ei, Senhor Deus meu, com todo o meu coração, e glorificarei o teu nome para sempre”.
Provérbios 8.35 afirma que “o que me achar achará a vida e alcançará favor do Senhor”.  Estes, entre outros textos, têm com base a vida e a eternidade de Deus.

UNICIDADE EM MEIO À DIVERSIDADE
Tendo como pressupostos básicos e vitais a vida auto-existente de Deus,sua presença ativa e eficaz, vários outros conceitos destes primeiros foram evocados nos tempos bíblicos, dentre eles o da “unicidade”.O Deus de Israel era reconhecido como único Deus. Por exemplo, Deuteronômio 6.4 diz: “Ouve, ó Israel;o Senhor nosso Deus é o único Senhor”.  Em Êxodo 15.11, Moisés pergunta: “Quem entre os deuses é como tu, ó Senhor?” O Salmo 86.8 assevera: “Entre os deuses nenhum há semelhante a ti, Senhor, nem há obras como as tuas”.  Qual o significado dessas declarações afirmativas e proclamadoras da unicidade divina?
Consideremos o contexto religioso do Antigo Testamento. Israel viveu em meio a povos que adoravam deuses diversos. O estudo das religiões antigas revela que o politeísmo era comum naquele tempo em que os fenômenos da natureza eram explicados do ponto de vista religioso. A chuva, o sol, o mar e tudo o mais tinham deuses específicos que os governavam. Rituais diversos e mágicos eram usados para evocar a boa vontade dos deuses a fim de promover, por exemplo, a fertilidade da terra, objetivando um bom plantio e uma farta colheita. Cada parte da natureza era governada por um deus. Foi neste ambiente de diversidade que Israel forjou o conceito da unicidade divina. Ao contrário de um deus para cada parte da natureza, o Deus de Israel reúne em si todas as partes. O Salmo 24.1 afirma que “do Senhor é a terra e a sua plenitude; o mundo e aqueles que nele habitam” .  Ele é o criador de todas a coisas. Ele mesmo as sustenta e governa. Tudo ele fez com sabedoria e perfeição, pois ele é a própria sabedoria: “O Senhor me criou como a primeira das suas obras, o princípio dos seus feitos mais antigos. Desde a eternidade fui constituída, des­de o princípio, antes de existir a terra” (Pv 8.22,23).Foi mediante uma viva experiência moldada pela fé que Israel construiu o conceito da unicidade de Deus. Um texto recordativo, registrado em Isaías 64.4, dá sustentação definitiva ao princípio que estamos estudando. Fazendo um retrospecto histórico, desde a eleição de Israel até o tempo do exílio babilônico, o profeta assim se expressou: “Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de ti, que opera a favor daquele que por ele espera”.
Portanto, a unicidade de Deus é fator distintivo que aponta para a sua singularidade e marca a sua diferença em relação às religiões daquela época.

JESUS - O DEUS ÚNICO E ETERNO
O Novo Testamento deve ser o filtro para o estudo do Antigo Testamento. Este era o entendimento de João quando escreveu a respeito de Jesus como o Verbo de Deus. Atesta ele que Jesus era o próprio Deus; era o Verbo que se fez carne e habitou entre os homens. João enfatiza que a vida estava em Jesus, portanto, era ele o Deus vivo. Ele fora o princípio ativo de toda a criação, pois “todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que
foi feito se fez”  (Jo  1.1-14).
Nesta mesma direção encontramos o sublime texto de Hebreus 1.1-4 onde são feitas declarações sobre a divindade de Jesus, das quais destacamos ser ele herdeiro de todas as coisas, agente do processo de criação, a exata expressão do ser divino e ter recebido um excelente nome. Quanto a este último característico, a pergunta básica é: Que nome Jesus herdou? Tente responder antes de continuar.
Paulo afirma, escrevendo aos Filipenses (2.9-11), que Jesus foi exaltado e recebeu um nome excelente. Diante dele todos se ajoelharão e confessarão que Jesus é Senhor. Atente para isso: Senhor; este é o nome excelente que Jesus rece­beu. A palavra grega para Senhor é traduzida do hebraico, onde “Senhor” significa EU SOU. Isto quer dizer que Jesus é o EU SOU da revelação no Sinai. Assim, Jesus é a encarnação do Deus vivo, único e eterno, o qual veio trazer vida, singularidade e eternidade positiva.

CONCLUSÃO
Grande é o nosso privilégio por pertencermos a Deus. Neste tempo de diversidade não devemos impedir a ação de Deus na igreja com os nossos conceitos, invenções e preconceitos. Devemos dar espaço para que o Deus único e eterno seja verdadeiramente o Deus único e eterno da igreja. Que sejam nossas as palavras pronunciadas por Moisés aos pés do Sinai, quando o Senhor disse que não iria no meio do povo. Moisés volta-se para Deus e diz: “Se a tua presença não for conosco, não nos faças subir daqui... acaso não é por andares tu conosco e separados seremos, eu e o teu povo, de todo o povo que há sobre a face da terra?” (Ex 33.15,16) Como Deus anseia por igrejas que deem espaço para que ele seja verdadeiramente Deus; por igrejas que queiram ser genuinamente igrejas de Deus.